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Amantes Eternos – Adão e Eva sobrevivem

Amantes Eternos – Adão e Eva sobrevivem

Postado por em ago 26, 2014 em Blog, Cinema | 0 comentários

I’m sick of it — these zombies, what they’ve done to the world, their fear of their own imaginations

Maravilhoso. Vampiros e rock’n’roll, como não gostar? O filme  Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive), de Jim Jarmusch, que está em cartaz, já é um dos meus prediletos do ano. Ou da vida.

Adam, interpretado por Tom Hiddleston, é um vampiro muito velho, não sabemos exatamente sua idade, mas ele pode ter sido Shakespeare e apenas mudou de nome. Ele pode ter dado um arranjo a Schubert, que levou a fama em seu lugar. Hoje, é um rock star que vive recluso, mas ainda compõe. Deprimido com a falta de imaginação do mundo, povoado por humanos – ou zumbis, como ele nos chama – que somente destroem e sugam os recursos aqui existentes, busca conforto em sua mulher, Eve, personagem da musa weirdo Tilda Swinton. Os dois vivem separados, mas Eve, que está em Tanger, decide ir até Adam, que mora em Detroit. Cidade esta, aliás, que foi protagonista da crise financeira de 2008, quando os EUA atingiram recordes no nível de desemprego, berço das montadoras, por sua vez um grande símbolo da explosão industrial no começo do século XX.

Não por acaso, esse é o pano de fundo para um enredo que nos mostra o quão decadentes podemos nos tornar, contrastando a todo momento o passado brilhante de gênios da literatura e da música com o presente medíocre de uma cidade que foi devastada pela crise econômica.

O casal se diz fã de Jack White, nascido em Detroit, um compositor atual e talentoso. Seria Jack humano ou vampiro? Fica no ar. Assim como outras alusões a grandes nomes das artes e da ciência, como Byron e Einstein. O desengano de Adam com a falta de imaginação humana talvez seja apenas uma referência a nossa autodepreciação inata. Uma necessidade de autoafirmação e uma ânsia por fazer algo memorável em vida e, assim, tornar-se imortal por meio de realizações extraordinárias. Para mim, Adam e Eve são um alterego dos humanos e não uma metáfora.

E, voltando ao casal da Genesis, apesar de a todo momento ter uma postura cínica e cética diante do mundo, ele nos revela na força de sua união e na integridade de suas ações perante às adversidades que o amor faz a grande roda girar. No colegial (era assim que chamava nos anos 90, tá?),  meu professor de literatura sempre fazia a mesma pergunta em TODAS as provas, para nos fazer fixar as diferenças entre os gêneros literários: o amor vence no final? Quando o livro em questão era do romantismo, a reposta era SIM. Mesmo que o casal protagonista tivesse morrido ou se separado. Os sentimentos e os ideiais são a grande força. Acho que é o caso aqui. E Jarmusch já nos dá essa pista nos nomes dos personagens e do próprio filme, sem falar nas citações a expoentes do movimento, neam?

Ah, e vale uma recomendação também para a trilha sonora: Clique aqui para ouvir, descolei ela inteirinha por streaming ;)

E, por fim, não me foi solicitado, mas deixo aqui indicações de filmes de vampiro, por ordem de preferência.

Deixa ela entrar (Tomas Alfredson, 2008)

Filme sueco, crianças vampiras, diferente de tudo que você já viu e lindo <3.  Veja o trailer aqui.

deixa-ela-entrar

 

Entrevista com o Vampiro (Neil Jordan, 1994)

Memória afetiva mode on. Anos 90, galãs em início de carreira (alguém lembrou de Crepúsculo?). Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Christian Slater e Kirsten Dunst. Veja o trailer aqui.

entrevista com o vampiro

 

Fome de Viver (Tony Scott, 1983)

David Bowie, Susan Sarandon e Catherine Deneuve. Sem Mais. Veja o trailer aqui.

fome de viver

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  1. Only lovers left alive | blondenoir - […] Minha amiga maravilhosa Camila analisou o filme lindamente, aqui no Ninguém Perguntou. […]

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